terça-feira, 16 de agosto de 2011

O que foi a Guerra Civil Espanhola?

Conflito gerado pela insatisfação do povo.


Uma das fotos mais famosas da Guerra Civil Espanhola é atribuída a Robert Capa. 
O momento exato da morte de um soldado republicano perpetuou a imagem de uma guerra 
fratricida, primeiro símbolo dos "fascínios ideológicos' que marcariam indelevelmente o século XX.

Crianças na guerra civil espanhola (1936-1939)
Fotógrafo desconhecido.

A Espanha era uma monarquia de pouco desenvolvimento industrial e politicamente confusa, pois haviam socialistas, comunistas e anarquistas opondo a monarquia. Os socialistas queriam melhores condições de vida, os comunistas queriam superar o Estado e tomar o poder pela força e os anarquistas queriam extinguir o Estado e criar comunidades independentes
 Em 1923, foi implantada a ditadura no país, mas esta foi questionada pela população até que em 1930, este governo foi abandonado. Em 1931, Niceto Alcalá Zamora e Manuel Azána sobem ao poder e estabelecem o direito do voto, a autonomia administrativa das regiões e a realização da reforma agrária. Em 1932, tais ordens foram revogadas e os militares passaram a exigir o retorno da monarquia.
 Em 1936, Manuel Azána torna-se presidente do país e alguns militares descontentes com seu governo decidem iniciar um golpe militar para afastá-lo da presidência. Quem assume o poder é o general Francisco Franco que findou a República Socialista. Sabendo dos possíveis contra ataques, os partidos de esquerda, apoiados pela Igreja e pelos monarquistas organizados na Falange, recebem dinheiro para equipamentos, formando a Frente Popular. Franco, juntamente com republicanos, socialistas e comunistas, pede ajuda a Adolf Hitler e Benito Mussoline.
 Em outubro de 1936, Madri é bombardeada por rebeldes auxiliados pela Itália e Alemanha e posteriormente, mais precisamente no mês seguinte, houve outro ataque comandado por Franco. Franco assumiu o poder de Madri até que em 1939 foi tomada pelos nacionalistas falangistas.
 Em 1937, Guernica foi brutalmente atacada e destruída. No início de 1938, os falangistas já dominados por Franco, dominavam grande território da Espanha, mas Stalin ao ver o grande avanço dos republicanos, se aliou a Hitler e este se retirou, juntamente com suas tropas, do país.
 Em 1939, a Frente Popular é derrotada, deixando os republicanos, que já se encontravam exaustos, desgastados e famintos, sem condições de continuar a guerra. Franco celebrou sua vitória. O fascismo ditatorial de Franco durou 36 anos, até sua morte.
 Pouco depois, em 01 de setembro inicia-se a Segunda Guerra Mundial, após seis meses de guerra, a Espanha entra no combate.



Com o apoio nazi-fascista, o general Francisco Franco venceu a Guerra Civil Espanhola.

Suposta foto que Ilustra a aterragem em Feiteira (Alcains, Castelo Branco) de um avião alemão que lutava por Franco na Guerra Civil Espanhola. 

A divisão da Espanha no final de julho de 1936


O general Francisco Franco saúda o público durante Parada que celebra o fim da Guerra Civil Espanhola




Ernest Hemingway - Por Quem os Sinos Dobram


 Por quem os sinos dobram (em inglês For Whom the Bell Tolls) é um romance de 1940 escrito por Ernest Hemingway.
 O livro narra a história de Robert Jordan, um jovem norte-americano das Brigadas Internacionais. Um perito no uso de explosivos, Jordan recebe a missão de explodir uma ponte por ocasião de um ataque simultâneo à cidade de Segóvia. Hemingway usa como referência sua experiência pessoal como partipante voluntário da Guerra Civil  Espanhola ao lado dos republicanos e faz uma análise ácida, com críticas à atuação extremamente violenta das tropas franquistas auxiliadas pelo governo fascista italiano e nazista alemão. Critica também a passividade da comunidade internacional diante do conflito, além desorganização da própria esquerda.
 Foi filmado em 1943 tendo nos papéis principais os astros da época Gary Cooper e Ingrid Bergman, com uma cena famosa na qual o casal usa um mesmo saco de dormir.


Guermica- Pablo Picasso


Um dos quadros que melhor transmite todo o desespero advindo da guerra é o intemporal Guernica de Pablo Picasso, fazendo plena justiça à expressão "uma imagem vale por mil palavras". No início de mais um ano, quase no fim do milénio, aqui neste cantinho do Mundo Ocidental, é tempo de pensar no outro Mundo, cujos povos vivem em palco de guerra, e para os quais nada resta senão esperar por dias de paz.
Guernica é um painel pintado por Pablo Picasso em 1937 por ocasião da Exposição Internacional de Paris medindo 350 por 782 cm, esta tela pintada a óleo é normalmente tratada como representativa dobombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica em 26 de abril de 1937 por aviões alemães, apoiando o ditador Francisco Franco. A pintura foi feita com o uso das cores preto e branco - algo que demonstrava o sentimento de repúdio do artista ao bombardeio da cidadezinha espanhola. Picasso retrata pessoas, animais e edifícios nascidos pelo intenso bombardeio da força aérea alemã (Luftwaffe), já sob o controle de Hitler, aliado de Francisco Franco. Esse quadro foi feito também com o objetivo de passar para os que vissem, o que ele estava sentindo, um vazio por dentro de si, um conflito, uma guerra consigo mesmo buscando resposta pra sua vida amorosa , e toda vez que ele via o quadro, pensava consigo mesmo, será que o meu problema é maior que essa guerra, ou tem mais importância para os outros, e naquele momento ele conseguia esquecer. O que para nós demonstra uma grande preocupação por parte do autor do mesmo.

Dolores Ibárruri (La Pasionaria) (1895-1985)


Conhecida como "La Pasionaria", pseudônimo que adotou ao escrever para o jornal "El Minero Vizcaino", nasceu na Espanha no País Basco, seu nome verdadeiro era Isidora Ibárruri Gómez. Ingressou no Partido Comunista Espanhol em 1920. Em 1930 tornou-se membro do Comitê Central. Foi redatora do jornal Mundo Obrero, órgão do PC Espanhol, no qual dedicou-se às questões femininas. Foi presa pela primeira vez em 1931 e, em seguida em 1933. Com a vitória da Frente Popular foi eleita deputada. É de sua autoria o imortalizado grito de guerra "No Pasaran!", pronunciado após um pronunciamento do General Franco. Após a derrota na guerra civil espanhola refugiou-se na União Soviética. Em maio de 1944, no exílio, tornou-se Secretária Geral do Partido Comunista Espanhol e em 1960 é escolhida Presidente do Partido. Após a morte de Franco, retornou à Espanha tendo sido novamente eleita Deputada.

Em 1918 escreve seu primeiro artigo assinando com o pseudônimo de La Pasionaria, que a acompanharia a vida toda.

Anos '70

Exilou-se na URSS após a vitória de Franco, e regressou a Espanha em 1977, após a morte do general. Foi eleita para o Parlamento e permanece líder honorária do Partido Comunista até morrer, em 1989. Sua morte em 1989 coincide com o ano em que caiu o muro de Berlim.



Salvador Dali - Premonição da Guerra Cívil Espanhola




O quadro Premonição da Guerra civil, de Salvador Dalí, é utilizado como meio para mostrar os dois pólos da Guerra , de satisfação total e de mutilação, destruição absoluta.
Dalí era publicamente contra a guerra, achava-a desnecessária e terrível, e utilizou esta pintura como meio para demonstrar isso. A guerra era, segundo ele, o resultado de diferenças entre homens com ambições assustadoramente bestiais, desmedidas. “A premonição da guerra civil”, de Dalí, baseia-se em dolorosos pensamentos de saudade, de morte, de consciência que a vida.
O pequeno homem á esquerda, parado sobre a pesada mão. Este simboliza Anneke e Nikki van Lugo, amigos de infância de Dalí, que tiveram um importante papel na formação da personalidade do pequeno Salvador.
Os feijões cozidos podem significar as antigas oferendas catalãs aos deuses. Podem também significar a fome, a ausência de alimento durante a guerra civil espanhola. Provocando assim um significado ainda mais profundo acerca da morte e da vida.

No vosso e em meu coração (Manuel Bandeira)


Espanha no coração
No coração de Neruda,
No vosso e em meu coração.
Espanha da liberdade,
Não a Espanha da opressão.
Espanha republicana:
A Espanha de Franco, não!
Velha Espanha de Pelaio,
Do Cid, do Grã-Capitão!
Espanha de honra e verdade,
Não a Espanha da traição!
Espanha de Dom Rodrigo,
Não a do Conde Julião!
Espanha republicana:
A Espanha de Franco, não!

Espanha dos grandes místicos,
Dos santos poetas, de João
Da Cruz, de Teresa de Ávila
E de Frei Luís de Leão!
Espanha da livre crença,
Jamais a da Inquisição!
Espanha de Lope e Góngora,
De Góia e Cervantes, não
A de Felipe II
Nem Fernando, o balandrão!
Espanha que se batia
Contra o corso Napoleão!

Espanha da liberdade:
A Espanha de Franco, não!
Espanha republicana,
Noiva da Revolução!
Espanha atual de Picasso,
De Casals, de Lorca, irmão
assassinado em Granada!
Espanha no coração
De Pablo Neruda, Espanha
No vosso e em meu coração!
 


Carlos Drummond de Andrade - Notícias de Espanha







Aos navios que regressam
marcados de negra viagem,
aos homens que neles voltam
com cicatrizes no corpo
ou de corpo mutilado,

peço notícias de Espanha.

Às caixas de ferro e vidro,
às ricas mercadorias,
ao cheiro de mofo e peixe,
às pranchas sempre varridas
de uma água sempre irritada,

peço notícias de Espanha.

Às gaivotas que deixaram
pelo ar um risco de gula,
ao sal e ao rumor das conchas,
à espuma fervendo fria,
aos mil objetos do mar,

peço notícias de Espanha.

Ninguém as dá. O silêncio
sobe mil braças e fecha-se
entre as substâncias mais duras.
Hirto silêncio de muro,
de pano abafando boca,

de pedra esmagando ramos,
é seco e sujo silêncio
em que se escuta vazar
como no fundo da mina
um caldo grosso e vermelho.

Não há notícias de Espanha.

Ah, se eu tivesse navio!
Ah, se eu soubesse voar!
Mas tenho apenas meu canto,
e que vale um canto? O poeta,
imóvel dentro do verso,

cansado de vã pergunta,
farto de contemplação,
quisera fazer do poema
não uma flor: uma bomba
e com essa bomba romper

o muro que envolve Espanha.